09 dezembro 2014

CANSEI

Ó, cansei. 

Em 2015, finalmente, vou tirar da gaveta meu projeto de ser uma pessoa pior.

Se é assim que a banda toca, quero aprender a dançar.
Vou me juntar ao bando (sim, eu sei, sempre remei contra a maré e me recusei a seguir o fluxo). Vou me tornar uma pessoa pior. Quero ser tudo que nunca fui. Vou ser interesseira. Vou ser PIRANHA. PI-RA-NHA. Dessas que trocam a dignidade por dinheiro e se fazem de boas moças pros caras que pagam champanhe na balada. 

Vou fingir ser alguém que não sou ao invés de me mostrar de verdade. Chega. Pouca gente merece a minha verdade.

Vou parar de acreditar na honestidade e na boa fé do ser humano. Chega de acreditar em "homem bom". De acreditar que só porque eu sou bacana com as pessoas, elas vão ser legais comigo de volta. Pro inferno com essa merda toda que me fizeram acreditar. 

Sabe o que? Gente bacana existe sim, mas essas são raríssimas exceções. Não estão por aí dando sopa. E talvez elas estejam meio descrentes do mundo, como eu.

Cansei de ser a boa moça. A bozinha. Gente do bem que nem eu tem mais é que se fuder mesmo. Pro inferno com a educação que meus pais me deram. 

"Se precisar de alguma coisa, estou aqui". Estou aqui na casa do caralho. Que se dane a educação, a gentileza, os bons princípios. 

De verdade, cansei.

O que tenho visto é que as pessoas que se dão bem na vida são: as interesseiras, as de mau caráter, as que usam da fé e boa vontade do outro, as que enganam pra levar alguma vantagem, as que mentem, as que agem de má fé, as que dão golpe da barriga, as que procuram homem por dinheiro e não por amor.

E as pessoas que se lascam são as como eu: as de boa fé, as de bom caráter, as que tratam as outras como gostariam de ser tratadas, as que agem de coração, as que esperam o melhor do outro, as que dão o seu melhor.

Mas essa não serei eu mais. Cansei. Estou igual uma criança que descobriu que Papai Noel não existe.


(Não me levem tão a sério. É final de ano e estou com os nervos à flor da pele. Ano que vem, volto a ser a otária que sempre fui).