28 novembro 2006

À PROCURA DA BATIDA PERFEITA

Um fala que está viciado em você. Que não vai deixar você sair do MSN porque você é tudo de bom. O outro cidadão te chama pra ir com ele à festa mais badalada da cidade (e você não vai, claro). O outro pega seu telefone sem ao menos ter te beijado, te liga no dia seguinte e quer te ver no mesmo instante (e você também não vai, claro). E tem aquele loirinho, seu ex-ficante. Que agora cismou que você é a mulher da vida dele. Ele te liga insistentemente todo final de semana, te chama pra ir ao cinema, pra ir pra num sei onde... e adivinha? Não. Você não vai. E ainda tem aquele carioca bacanérrimo. O cara quer sair lá do Rio pra vir te ver. E você dá 500 desculpas, diz que não vai estar na cidade nos próximos meses e nem sabe quando volta. Ah, sem falar no francês que você conheceu no carnaval. Nove meses depois, ele ainda te manda e-mails, cisma que você tem que ir conhecer Paris e não vê a hora de voltar ao Brasil pra te ver. E liga pro seu celular, falando um inglês com sotaque carregado que você quase não entende muita coisa. Fora os dois paulistas. Fora seu vizinho gato (e casado). Fora aquele loiro aparentemente seu tipo que só te viu uma vez na vida, pegou seu telefone e agora acha que, por isso, você vai mudar com ele de BH. E fora o bombado da academia, aquele do cabelo espetadinho. O que está acontecendo com o mundo? Ou o problema é você? Por que, diante de inúmeras possibilidades, você não consegue simplesmente escolher? Tem alto. Baixo. Rico. Pobre. Loiro. Moreno. Sarado. Flácido. Tatuado. Careta. Médico. Advogado. Herdeiro (sim, herdeiro é a profissão dele!!!). Cabelo liso. Cabelo espetado. Caseiro. Da night. Da rave. Do sertanejo. Que mora no seu prédio. Que mora em outra cidade. Solteiro. Casado. Seu ex-ficante. Ex-namorado da sua amiga. Tem pra todos os gostos. Menos pro seu.

Será que é porque a gente se perde diante das possibilidades? Ou quanto maior a gama de opções, mais você quer escolher? Ou é só porque você resolveu ficar velha e exigente? Ou não, nada disso? Talvez essa não seja uma escolha tão objetiva assim. Talvez não dê pra montar seu modelo de cara ideal e apontar: é esse. E talvez você nunca vá conseguir reunir todas as características que você admira, num cara, em uma só pessoa. E talvez, mais importante ainda, talvez nada disso importe no final das contas. Você ainda não encontrou “o cara” porque simplesmente ainda não “bateu”. Porque a batida perfeita não deixaria você errar jamais. A batida perfeita é mais coração do que razão. É mais pele do que cabeça. É mais sentido do que entendimento. É viver mais e entender menos. É simplesmente ir sem se importar se é a melhor festa da cidade ou se a casa do cara é lá onde Judas perdeu as botas. É achar lindo aquela barriga mole. É achar lindo as coisas clichês que ele fala. É se tornar um pouco clichê também. A batida perfeita acontece quando você menos espera. Pode ser o amigo do amigo do amigo. Ou aquele cara que você conhece há 15 anos e nunca havia prestado atenção nele antes. Ou aquele cara que surgiu do nada numa festa e entrou na sua vida tão aos poucos que você nem percebeu. A batida perfeita simplesmente acontece. Sem que a gente tenha o mínimo controle sobre a gente mesma. Sem que a gente tenha que fazer qualquer tipo de escolha. E todo o resto? Bom, todo o resto serve pra fazer você dormir e acordar acreditando que você é realmente tudo de bom. Que você tem essa capacidade de deixar alguém viciado em você. Ou que você move o mundo e faz qualquer pessoa atravessar o oceano pra te ver. Ou que você possa realmente ser a mulher da vida de alguém. Todos esses outros são aqueles caras do bem que entraram na sua vida pra fazer você acreditar em você. Pra massagear o seu ego e fazer você acreditar que realmente pode escolher alguma coisa. Até o dia em que você não vai ter escolha. Vai acontecer e você vai saber na hora.

21 novembro 2006

O TUNTZ-TUNTZ E AS NOVAS POSSIBILIDADES

Dizem que mineiro é muito tradicional. Conservador. Pode ser isso. Pode ser por isso que você sempre teve esse medo do novo. De experimentar. De se abrir a novas possibilidades. Novas pessoas. Novos lugares. Novas experiências. Você sempre foi daquele tipo que prefere voltar a um lugar que já conhece do que conhecer um lugar novo e correr o risco de não gostar. Você tem medo de arriscar. De trocar aquilo que já conhece pelo que você ainda pode conhecer. Pois bem. A boa notícia é que isso mudou.

Em outros tempos, você jamais iria a uma Rave. Não, obrigada. Você não iria nem por todo dinheiro do mundo. Nem com todos seus amigos te chamando. Não adianta insistir. Você acha o lugar muito longe. A música muito tuntz. O povo muito louco. O horário muito alternativo. Sim, você acha tudo isso sem nunca ter ido. Até que, um belo dia (nem tão belo assim, estava chovendo sem parar e fazendo aquele friozinho chato), você pronuncia a jamais esperada frase “então vamos!”. Sim, aquela era você quebrando seu conceito “eu odeio rave”. Aquela era você pulando igual louca no meio da multidão. Aquela era você tomando vodca com energético. Aquela era você dançando em cima da caixa de som. Aquela era você se acabando e se divertindo horrores. Aquela era você que não queria ir embora nunca mais.

E essa é você agora. Sem medo de trocar o certo pelo duvidoso. Sem medo de conhecer coisas novas. Lugares novos. Pessoas novas. Aberta a novas possibilidades. A viver novas aventuras. Arriscando ser clichê (“novas aventuras” é muito clichê!). Arriscando mesmo que você erre e dê tudo errado. Jogando tudo pro alto. Ligando o “foda-se” no talo. Cortando vínculos antigos e estabelecendo outros novos. Apostando mais na novidade. Porque, de agora em diante, essa é você.

E daí se ele não for tão sarado quanto você gostaria que ele fosse? E daí se ele morar em outra cidade? E daí se ele for médico e trabalhar 24 horas por dia? E daí se ele for músico e tiver uma penca de mulheres enlouquecidas atrás dele? E daí se ele tiver o mesmo nome do seu ex-namorado? E daí se ele for amigo do seu irmão? E daí se ele não for tão descolado quanto você? E daí se ele viajar por mais tempo do que você agüentaria? E daí se ele tiver mais tatuagens do que você gostaria? E daí que você vai pagar o preço. Vai pagar pra ver. Chega de coisas previsíveis. Chega de ser tão tradicional. De querer tudo pronto, enlatado e com rótulo. Você vai viver a diferença. Ir a lugares que você não iria. Beber bebidas que você não beberia. Experimentar. Essa é a palavra de ordem. Trocar. Trocar tudo que já está morno na sua vida. Trocar pela possibilidade de gostar de outras coisas. Quem disse que não vai dar certo? Quem disse que você não vai gostar? Então, você vai lá. Meter a cara. Se jogar. Jogar desse jogo que você nunca jogou. E arriscar. Apostar suas fichas sem saber se vai ganhar ou perder. Porque só tem como você saber se vai dar certo - ou não - se você tentar. Porque você só começa a gostar de um lugar depois de conhecê-lo de perto. Porque você só pode gostar de alguém depois de conhecê-lo melhor.

E, agora, você não é mais mineira. Você é cidadã do mundo. Da rave, do sertanejo ou do funk. De BH, do Rio ou de São Paulo. Da zona norte ou da zona sul. Do loiro ou do moreno. Você parou de se definir pra não correr o risco de se limitar. Você é uma página em branco. Um novo começo a cada dia. Uma nova história que você ainda não escreveu. Um novo affair. Uma cama nova ou uma nova cidade (e porque não???). Você é isso. Novas possibilidades.

16 novembro 2006

SAUDADE SEM DESTINATÁRIO

Ando sentindo uma saudade descabida. Saudade descabida porque não está cabendo em mim mesmo. Não cabe em lugar algum. Transbordou. Saiu da borda. Uma saudade estranha. Uma saudade de ninguém. Uma saudade que não tem nome ou um endereço específico. Saudade de ligar pra alguém e chamar pra almoçar. Saudade de sair do trabalho seis horas da tarde e chamar pro cinema. Saudade de assistir televisão domingo à tarde debaixo do edredom. Saudade de ter com quem conversar no final do dia. E de ter alguém em quem pensar quando acordo. Saudade de poder falar que gosto (e também poder falar “não gostei”) sem precisar ensaiar antes. Saudade de sentir saudade de alguém.

Saudade do cheiro do meu perfume favorito em outra pele suada. Saudade de ouvir que eu sou linda (de manhã cedo com a cara amassada). Saudade de ficar em silêncio ouvindo a respiração. Saudade de viajar sem precisar dirigir. De cantar no carro e alguém me ouvir. Saudade de ouvir o CD de músicas favoritas que eu não gosto.

Saudade de acordar com flores e de receber presentes sem nenhuma data especial. Saudade de ter uns apelidos estranhos, que não têm nada a ver com o meu nome. Saudade de fazer as pazes e abraçar mais forte. Saudade de ser a número um e não apenas mais um número. Saudade de ser entendida sem precisar me explicar. De dizer o que eu quero sem precisar falar. Saudade de ser tão igual e fazer toda a diferença. Saudade de gostar dos mesmos lugares e de bebidas tão diferentes. Saudade do calor, do cheiro, do gosto. Saudade do toque, do beijo, do carinho. Saudade com remetente e sem destinatário. Saudade sem preço, sem endereço e sem data pra expirar. Saudade do que ainda me falta viver.

É... ninguém me falou que cama nova provocava efeitos colaterais. Ou talvez seja só a carência do domingo à tarde. Amanhã eu descubro.

07 novembro 2006

TEORIA DA INVOLUÇÃO AMOROSA


por Brena Braz e Deco Toledo

Porque é assim e não de outra forma.

Nenhum de nós precisou comer pedra e ir entalado para o hospital, para saber que pedra não se come. A gente simplesmente sabe. Porque lá trás, quando um cidadão iluminado criou esse mundo, algumas coisas foram determinadas... Entre elas, que pedra é para construir, não para comer. Da mesma forma, quando encostamos a mão numa panela quente, rapidamente retiramos, antes de nos queimar. É um reflexo. Um instinto de sobrevivência. Nosso cérebro age em frações de segundos. Não precisamos pensar antes de tirar a mão e nem derretê-la na danada da panela, simplesmente tiramos, automaticamente.

Mas nos contem aqui... Por que esse instinto de sobrevivência ou esse automatismo lógico não funciona com nosso coração? Por que nosso coração não sabe o que é bom ou ruim pra gente? Por que ele não fala com todas as letras “sai fora antes que você quebre a cara”? Por que ele não fala se é ele o primeiro a se dar mal?

Ao contrário do cérebro, nosso coração não evoluiu ao ponto de saber definir o que é e o que não é bom para nossa vida. Volta e meia estamos envolvidos em relações sem nexo, sem paixão, sem razão nenhuma de ser. Envolvidos num duelo entre o pensar e o sentir, entre o saber e o descobrir. Envolvidos com pessoas que “semi-portavam” um outdoor dizendo: Eu não sou para você! Nós não temos futuro! E nós cegos, ou melhor, insistentemente cegos, momentaneamente cegos e propositalmente cegos, vamos lá conferir e ver no que dá... Vamos lá pagar o preço, perder nosso tempo, nossos beijos e quebrar a cara mesmo sabendo que no fim, mais uma vez, não vai dar em nada.

Deus! Jesus! Santo Antônio Casamenteiro! De onde vem essa insistência? Essa mania de querermos algo que sabemos (de antemão) que não vai dar certo? Por que duas pessoas que têm essências, hábitos, desejos e sonhos tão contrários se envolvem?

Chamem de química. Paixão. Atração. Desejo. Seja lá o que for essa coisa louca, algo nos leva a insistir em relações com pessoas que não têm nada a ver com a gente. E que nunca dariam certo e que nunca dão, efetivamente. Você gosta de passar os finais de semana nas montanhas, curtindo a natureza, tomando sol nas cachoeiras e fazendo um rapel. Ela passa as tardes no shopping, falando ao celular como uma louca e torrando o cartão de crédito em coisas fúteis. Você é quase uma atleta, nunca fumou e gosta de música sertaneja. Ele curte música eletrônica, é playboy e acha que drogas ilícitas são o máximo. Enfim... Por que é que está tão na cara (dos dois) que não vai dar certo e queremos ver até onde vai? De onde o coração tirou que ele pode ser independente e seguir na direção contrária da razão (aquela, que nos avisa o tempo inteiro: sai daí)?

Será que, no futuro, estaremos evoluídos a ponto de nos atrairmos somente pela pessoa certa? A ponto de coração e razão entrarem em acordo. Ou estamos fadados a viver pra sempre dando cabeçada por aí e nos envolvendo com as pessoas erradas?

Acreditamos que os opostos não se atraem, mas insistimos em opostos, em contrários, em pessoas super-nada-a-ver. Insistimos e aprendemos. Talvez por isso existam tantas pessoas erradas... Aprendizado. Preparação. Porque quem não vive o errado, não valoriza o certo. Seria perfeito amar sem sofrer, ter sucesso e dinheiro sem trabalhar, seria – e seria fácil, sem graça, sem valor também. Essa mesma razão que nos leva pensar: Por que eu insisti? Por que eu caí nessa outra vez? Nos leva a concluir que a vida é assim... Que razão e emoção não costumam falar a mesma língua e que o amor é isso mesmo, meio loteria, meio destino, meio loucura. Não queira entender... Apenas sinta.


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Gente!!! Esse texto foi resultado de uma parceria perfeita com o Deco, do Trilhas da Vida.
E essa foto perfeita é uma fusão da foto dele com a minha! Além de escrever tão bem, Deco é essa fera no Photoshop e conseguiu me deixar linda assim. Anda, clica logo no link dele aí em cima pra ler os outros textos bacanérrimos que ele já escreveu.
Obrigada sempre pelo carinho, pelos comentários lindos, pelos emails fofos e por todo mundo que enche aquela comunidade de gente bacana! Vocês me matam do coração qualquer hora!
Beijos, amores.