30 abril 2007

EU QUE ACREDITEI

Não que eu seja uma cidadã vivida. Pelo contrário. Minhas experiências não resultaram em aprendizado nenhum. Continuo entrando em roubadas. Me dando mal em finais infelizes. Escolhendo os homens errados (quando eu bem sei quais são os certos, mas finjo não saber). Trocando o mocinho pelo bandido. Fazendo grandes investimentos em pequenas pessoas. Sei que isso acontece com todo mundo. Mas acho que comigo já deu. Sou pouco tolerante.

Tolero falta de grana. Tolero desemprego. Tolero ciúme. Tolero chatice. Tolero amigos chatos. Tolero futebol 57 vezes por semana. Tolero boteco com os amigos. Tolero amigas bonitas e peitudas. Tolero até homem bêbado. Mas certas coisas não descem mesmo. Não tolero falta de caráter. Não tolero mentira. Não tolero enrolação. Não tolero conversa pra boi dormir. Por um único motivo: detesto me sentir feita de idiota.

Nunca me iludi com palavras bonitas. Com frases bem formuladas. Com presentes bacanas. Com caras que pareciam bacanas. Sou pé-no-chão. Nunca me vendi pra carinhas que abrem a porta do carro e fecham a cara quando você pede a verdade. Nunca troquei minha companhia pela conta do restaurante. Nunca acreditei em pessoas que falam bonito. Nunca aceitei champanhe de estranho. Nunca precisei disso. Nunca precisei de um namorado pra me auto-afirmar. Pelo contrário. Vivo bem comigo mesma. Por isso reverencio a vida de solteiro. Namorar pra ter dor de cabeça não é pra mim.

Não gosto de dar conselhos. Não gosto quando as pessoas tentam se meter na minha vida com soluções mágicas. Acredito mesmo que a gente só aprende – ou não – dando cabeçadas na vida. Que a gente só aprende com as próprias experiências. Acredito também que quanto mais a gente vive, menos tolerante se torna. Acredito que as atitudes contam muito mais do que as palavras. Acredito que cidadãos que bancam os bons moços têm muito mais chances de te decepcionar. Acredito que mentira tem perna curta, como dizia minha avó. Acredito que a gente deve conhecer uma pessoa antes de se apaixonar (e não o contrário). Acredito que tudo que vem rápido demais vai embora com a mesma velocidade. Acredito que a gente só tem uma chance na vida de fazer uma grande merda. Acredito que perder a confiança é como quebrar um vaso: você pode até conseguir colar, mas vai ser sempre um vaso colado. Acredito em duendes, gnomos e em papai-noel. Mas não acredito nos homens. Não mais. Duvido até de mim mesma agora.

20 abril 2007

DIÁRIO VIRTUAL

Amores, como eu sempre digo aqui, este blog não tem intenção de ser um diário virtual. Porém, sou humana (óooooooooooh!) e é inevitável que eu escreva sobre as coisas que me rodeiam. Além de humana, tenho uma alma super baranga e minha maior fonte de inspiração são as tragédias do dia-a-dia.
A boa notícia é que tá tudo lindo e, conseqüentemente, ando pouco inspirada... mas continuem por aqui porque juro que to tentando me inspirar na poesia da vida (que barango!).
Beijos.
Ah, siiiiiiiiiiim, sou eu com o Pituco na foto acima!

02 abril 2007

O DIA EM QUE ACORDEI VELHA E CHATA

Ando meio nostálgica. Peguei umas fitas VHS esses dias (sim!!! Fitas de videocassete) de quando eu tinha dez anos de idade e tinha um paquera que era dez meses mais novo que eu. Hoje, ele está casado e com dois filhos. E eu to aqui. Solteira. Ainda com medo de me comprometer. Ainda me envaidecendo por estar bem melhor do que minhas amigas da minha idade que se casaram e tiveram filhos. Ainda me esquivando e inventando uma desculpa nova a cada dia que alguém cisma que quer namorar comigo. Ainda achando que casar e ter filhos não é pra mim. Ainda achando barangos todos os vestidos de noiva, as igrejas lotadas e as frases feitas do tipo “até que a morte nos separe” (que nada mais é do que um eufemismo para “até que um de nós morra”).

Tenho saudade dos tempos de escola. Das paqueras na hora do recreio. Daquela coisa inocente de esperar os meninos saírem do colégio. Do frio na barriga quando meu paquera vinha em minha direção. Do tempo em que não existia orkut e ninguém fuçava a vida de ninguém. Do tempo em que a gente pedia pra amiga descobrir o telefone do menino mais lindo da sala. Do tempo em que não existia celular, muito menos identificador de chamada e a gente ligava pro telefone dos meninos e desligava quando eles falavam alô. Do tempo em que não existia messenger e as pessoas tinham que ligar umas pras outras quando queriam se falar. Tinham que sair das suas casas se queriam se ver.

Hoje, além de a gente não ser mais adolescente, a tecnologia fodeu com a nossa vida. O identificador de chamadas do seu celular serve pra você só atender quem você quiser. O mesmo vale pro cidadão que só te atende quando ele quiser. O messenger, uma praga. Um troço que consegue reunir, na mesma janela: seu ex-namorado, uma meia dúzia de ex-ficantes, uns dois ou três paqueras que nunca saíram do virtual e mais uns duzentos cidadãos e cidadãs que nunca te disseram um oi e te adicionaram sabe deus porque.

Acabou o glamour da coisa. Tudo acontece tão rápido agora que, na mesma noite que você conhece um cara, você já tem o celular dele, o messenger, o skype e já sabe da vida inteira do cidadão porque o orkut dele tem fotos de todos os lugares por onde ele esteve nos últimos tempos e recados de todas as meninas que ele pegou (ou está pegando). As pessoas não ligam mais pra casa das outras porque os relacionamentos são tão efêmeros que “ligar pra casa de alguém” passou a ser uma coisa muuuuuuuito íntima. Seu ficante não liga pra sua casa pra te chamar pra sair. Ele espera pra ver se você vai estar online na hora que ele estiver afim de falar com você e, se você estiver offline, ele chama a próxima da lista (literalmente) que estiver online. Simples assim.

Acabaram as flores, os cartões de aniversário, as cartas, a monogamia. Acabou o sossego. Seu namorado interage virtualmente com a ex-namorada dele, com a vizinha da frente (com quem ele não interagiria se não existissem todos essas malditas ferramentas virtuais), com as ex-ficantes e com as futuras. Pela internet, ele avalia e escolha a mulher que vai ser delivered na casa dele. Loira ou morena. Com roupa ou pelada.

Acho que to é ficando velha (pelo menos é o que o calendário me diz). Velha e mal humorada. Tenho saudade de um tempo que não volta mais (mesmo achando que casamento, monogamia, vestido de noiva e ter filhos é ultrapassado). Tenho saudade do interfone tocando. Da campainha e do telefone da minha casa. Tenho saudade da minha mãe gritando: fulano tá te esperando lá embaixo. Saudade das pessoas disponíveis ao invés de online. Saudade de alguém chegar na minha casa de ao invés de “fulano acabou de se conectar”. Saudade da vida real. De me estrepar ao invés de tomar end. De brigarem comigo ao invés de me bloquearem. De ouvir um não ao invés de me deletarem. Tão simples e a gente complica. Tão complicado e a gente simplifica.