21 dezembro 2006

CAFAJESTAGEM É POESIA


Era tudo mentira quando eu falava pra você só falar a verdade. Pra ser direto. Não. Mulher gosta de rodeios. Gosta de ser galanteada. E até de ouvir uma mentirinha de vez em quando. Fale que eu sou a mulher mais linda do mundo. Que eu sou mais bonita que a Gisele Bündchen. Fale que vai me amar pra sempre. Jure fidelidade eterna. Diga que eu sou a pessoa mais importante na sua vida. Minta como se estivesse dizendo a verdade.

Eu não gosto tanto assim do escracho como eu dizia que gostava. No fundo – ainda que muito fundo – eu gosto de um pouco de romantismo. Quem fala que não gosta está mentindo. Despiste se quiser só meu corpo. Me mande flores, me leve pra jantar. Finja que gosta de mim mesmo que, no final das contas, só queira me levar pro motel. Finja que é meu, ainda que só por uma noite. Eu gosto desse conto de fadas imaginário que toda mulher cria na cabeça pra colorir a vida um pouco. Eu gosto de ouvir elogios exagerados. De receber mensagens bobas no celular. De receber e-mails no final da tarde e flores no meio do trabalho. Eu gosto de criar fantasias impossíveis. Se eu te chamar pra viajar comigo, não significa que você precisa ir. Minta que vai só pra não estragar a história. O que eu quero mesmo não é nenhuma viagem.

Eu finjo que odeio o seu ciúme mas morro de rir por dentro. Acho lindo quando algum bonitão passa do meu lado e você vigia meu olhar com seus olhos. Acho lindo quando meu celular toca e você, despistadamente, tenta ver quem é. Acho lindo quando a gente sobe no elevador com algum vizinho gato e você me pergunta “quem é esse cara?” depois que ele desce no andar dele. Acho lindo que você não tem ciúmes dos meus amigos feios.

Mas você se tornou tão previsível que perdeu o encanto. Você me conta que acha a vizinha “gostosa”, que acha aquela baranga da televisão “boazuda” e que acha minha amiga “muito boa”. Você conta que “quebrou o pau” na noite anterior. Que bebeu além da conta. Que seus amigos são todos galinhas. Essa sua mania de ser direto acabou com toda a poesia. Você se tornou meu homem-objeto e eu me tornei alguém que eu não sou. Inventei uma mulher-objeto pra te agradar. Invento que eu não gosto de você. Que eu não to nem aí pros seus desejos pelas outras mulheres e finjo que não ouço as coisas desnecessárias que você fala. Invento que eu não gosto do romance e da poesia da coisa.

Mas, quer saber?! Eu gosto da meia-luz. Eu gosto das palavras que só insinuam. Eu gosto do jogo que eu sei jogar. Eu gosto de ser seduzida e não arrastada pelo cabelo. Eu gosto da sua mão segurando a minha e não só dela pelo meu corpo. Eu gosto de me sentir a Marilyn Monroe e não a loira do Tchan. Eu gosto de vinho tinto e não de cerveja na lata. Eu gosto de jazz e não de funk.

Te peço: finja de bom moço. Mande mensagem. Mande flores. Mande no rumo da minha vida. Me pegue no colo. Dance comigo no supermercado. Coloque o meu CD favorito quando eu entrar no seu carro. Me chame de princesa. Me chame de linda. Me chame pra fazer parte da sua vida. Apareça de surpresa. Entre na minha vida sem eu perceber. Minta que eu sou a única mulher que você deseja. Minta que você mataria um dia de trabalho pra ficar à toa comigo em casa. Minta mesmo que eu não acredite em nada disso. E, se você resolver tornar tudo isso realidade, apenas seja. Eu não preciso saber que é verdade.

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Queridos, esse blog não tem a intenção de ser um diário virtual. O texto do último dia 12 foi uma exceção. No mais, Feliz Natal pra todo mundo que me agüentou esse ano, que acompanhou meus choramingos aqui no blog e que torce pra que a gente tenha um 2007 bacana!

12 dezembro 2006

SOCO NO ESTÔMAGO E BOLSA NA CARA

“A gente é muito igual”. E com essa frase, você ganhou a noite. Seu ficante acabava de constatar aquilo que você já sabia há sete meses. Sete meses. Exatamente. Você é tão boa de memória quanto ele (pras coisas que você quer, óbvio). Você acha lindo que ele se lembra dos mínimos detalhes de tudo que você fala. Você acha lindo que ele está malhando e ficando fortinho. Você acha lindo que ele vem te beijar no começo da noite. Você acha lindo que ele te leva pra interagir com os amigos dele. Você acha lindo que ele te apresenta pras amigas barangas e te beija na frente delas. Você acha lindo que ele desfila pela festa de mãos dadas com você.

Vocês são realmente muito iguais. Vocês gostam das mesmas baladas. Vocês têm 500 amigos em comum. Vocês trabalham com pessoas que se relacionam. Suas vidas se cruzam o tempo todo. Lindo. Fora dizer que ele é um fofo com você. Ele se oferece pra ir com você ao hospital no dia que você está quase morrendo. Ele liga pra saber se você melhorou. Ele te abraça enquanto dorme. Ele faz carinho no seu cabelo no meio da festa. Ah, sem dizer também da química perfeita. Deve ser por isso, inclusive, que vocês não conseguem se encontrar sem se beijarem. Os corpos automaticamente colam um no outro. Você beija o cidadão e a temperatura do seu corpo sobe em cinco segundos. Lindo. Você é realmente igual a ele. Como ele chegou a essa conclusão só hoje???

Ele nunca foi santo e você sempre soube disso. Mas você confia nele. Você acredita que ele te respeita. No dia em que vocês discutiram, ele te disse, olhando nos seus olhos, que uma coisa ele sempre teria por você: respeito. E você acreditou. Por aquele instante e por todos os outros. Assim como você acreditou que ele ia dar uma volta na festa e voltaria pra encontrar com você novamente. Tudo bem. Você já acreditou em Papai Noel um dia e acreditar numa pessoa tão bacana não seria tarefa das mais difíceis (A Xuxa acredita em duendes!!!). E você, assim como nos outros sete meses passados, acreditou no cidadão.

Você dança. Você se diverte. Você não entende porque tanto tempo se passou e nada de ele aparecer. Você continua dançando. Mas seu sexto sentido é uma praga que não deveria existir. Você tenta ignorá-lo assim como tenta ignorar o fato de que tanto tempo se passou e nada do cidadão. Até que seu sexto sentido te leva e te coloca de cara com os fatos. E você duvida do que seus olhos estão vendo. Você acreditou tanto no cidadão que acha que seus olhos é que estão mentindo. E toda aquela cena era muito improvável mesmo. O cidadão beijando uma menina. A mesma menina pra quem ele te apresentou uma hora atrás e te deu um beijo na frente dela. Claro, se ele tivesse 16 ou 17 anos, você até acreditaria no que estava vendo. Mas não é esse o caso. Estamos falando de adultos aqui. E você pára diante da cena esperando o momento em que ele vai olhar pra frente e te ver. Espera essa que durou pouco mais de 10 segundos. E você, sem pensar meia vez, acerta a bolsa na cara dele com toda a força que seus 14 anos de academia lhe deram. E sai.

Ele não precisava explicar nada. Não tinha o que explicar. Estava ali. Diante dos seus olhos: os fatos. Como bom advogado, o cidadão deve saber: contra fatos, não há argumentos. Não mesmo. Sua amiga, sem entender nada, assiste à cena, perplexa. Assim como todo o resto da festa que conseguiu presenciar os três segundos de barraco. E, se aquela menina que ele estava beijando não tem um pingo de amor próprio e vergonha na cara, você tem de sobra. E você volta a se divertir (???) na festa, enquanto o novo casal desfila, de mãos dadas, embalados por música alta, muita bebida e comprimidos ilícitos.

Você deixa a festa de cabeça erguida. A cena da bolsa na cara não foi bonita, não. Mas foi infinitamente mais digna. Uma atitude muito mais homem do que a dele. Você sai de mãos limpas e consciência tranqüila. Porque você não enganou ninguém. A dor de levar uma bolsa de 10cm na cara passa em 10 segundos. A sua decepção, a sua mágoa e outros sentimentos que você não sabe nem o nome, vão durar ainda um bom tempo. Mas, depois de tomar esse soco no estômago, você consegue enxergar que vocês dois são, na verdade, muito diferentes. Você jamais teria uma atitude tão pequena como a dele. Você jamais machucaria alguém assim, DE GRAÇA, como ele fez com você. Você tem o mínimo de escrúpulos e de RESPEITO pelas pessoas. E você nunca precisou falar isso olhando nos olhos de ninguém. Certas coisas estão implícitas.

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P.S.: Gostaria de registrar aqui que sou totalmente contra barracos. Mas ainda pior que barraco é gente que faz papel de moleque quando você espera dele atitude de homem.

05 dezembro 2006

VOCÊ

Você virou parâmetro de comparação. Você virou o cara com quem eu comparo todos os outros. Com quem eu gostaria que todos se parecessem. Eu só olho pros outros caras procurando um cabelo tão lindo quanto o seu. Umas costas tão fortes quanto as suas. Um sorriso tão sincero nos olhos. Mas ninguém conseguiu essa façanha. Ninguém tem a sua boca fofa, a sua pele macia, o seu abraço quente. Ninguém é você e ninguém me basta tanto quanto você. Ninguém tem o seu jeito de me olhar. De falar meu nome. Ninguém tem esse cheiro. Ninguém me faz rir como você. Ninguém nunca me viu chorar com a alma tão aberta, com a cara tão pálida e o coração tão pequeno. Não consigo ser tão eu como quando estou com você. Você me conhece sem maquiagem, sem pudores, sem grana e até sem unha (lembra quando prendi o dedo no aparelho da academia e ela caiu?). Você conhece meu melhor e agüenta o meu pior. Você é tão eu que eu penso que é meu.

Depois de você, os outros são os outros e só. Eu cito Kid Abelha. Aprendo a dançar forró (aprendo a dançar qualquer coisa, na verdade). Eu viro morena. Eu passo a noite em claro. Você vale qualquer mudança de planos. Você merece que eu tire férias só pra dormir e acordar do seu lado. Pra te ter suado. Você me leva pra Lua, ida e volta em cinco segundos. Você me tira do ar, me deixa no chão. E você é essa pessoa do bem. Esse coração enorme. Pra quem eu nunca conseguiria mentir porque você lê meus pensamentos no fundo dos meus olhos.

Você é o que faz tudo valer a pena. Você compensa qualquer esforço. Você vale o risco. Você me apetece. Me desafia. Me faz ir atrás. Ir além. Ir mais longe e querer mais. Você me apaixona. Me arranca pedaços. Me deixa de boca aberta. De coração na mão. Você é o que me faz levantar da cama de manhã cedo. Você é que me faz precisar de mais 36 horas no meu dia. Você me devolve a vontade de viver quando eu penso que tudo acabou. Você me tira de casa de madrugada. Você faz meu coração bater mais forte. Você me faz querer viver pra sempre. Você é o que me move.

E agora eu quero patentear isso. Quero meus direitos autorais. Dá pra fazer várias cópias de você e espalhar pela cidade pra toda hora que eu precisar? Dá pra parar de mexer no seu computador pra eu ficar só te olhando? Dá pra ficar mais tempo me explicando qualquer coisa em que eu não vá prestar atenção porque sua boca se mexe tão suave que eu tenho vontade de mexer meu corpo inteiro junto com ela? Dá pra me olhar por mais um segundo (ou dois, se eu sobreviver ao primeiro)? Dá pra parar de ser tão tudo de bom pra eu conseguir achar graça em mais alguém? Dá pra ser só meu pra sempre?

Dá pra mandar eu parar de escrever sobre você porque eu to ficando muito clichê?