22 maio 2007

DAS REGRAS QUE EU CRIEI PRA MIM

Eu só queria um namorado que lesse Quatro Rodas, jogasse futebol e não cuspisse no chão. Eu só queria um namorado que fosse homem, mas que fosse um gentleman. Eu só queria um namorado que me entendesse mesmo sendo homem. Que entendesse as minhas chatices e as TPMs que eu invento. Eu só queria um namorado que não assistisse Big Brother, que não tivesse fixação por revista de mulher pelada e que não fosse como todos os homens machistas deste mundo. Eu só queria um namorado que não fosse machista a ponto de achar que os homens devem sair com prostitutas.

Eu só queria um namorado que não me comparasse com as mulheres arreganhadas nas revistas com photoshop entre as pernas. Eu só queria um namorado que me permitisse ter um metro e sessenta e cabelos ondulados. Eu só queria um namorado que me permitisse não querer ter silicone e gostar dos meus peitos pequenos.

Eu só queria um namorado que não tivesse Orkut com milhares de barangas pulando em cima dele. Eu só queria um namorado que não tivesse 57 ficantes e 23 ex-namoradas no Messenger. Eu só queria um namorado que não usasse o chat do Gmail pra mascar as meninas deslumbradas que acham o máximo o que ele escreve. Eu só queria um namorado que fosse só meu.

Eu só queria que quando a gente estivesse deitado na minha cama, o mundo fosse só a gente. Que quando a gente se tocasse, ele estivesse de corpo e alma presentes. Que a minha foto não dividisse espaço com a bunda de um monte de gostosas na tela do seu computador. Que a minha escova de dente não morasse em cima de outros corpos estampados de frente, de costas, de trás, de viés.

Eu só queria não ser só mais uma. Eu só queria não ser só um corpo. Eu só queria que quando eu ficasse com raiva do seu comportamento machista, eu colocasse meu menor vestido e fosse me acabar na melhor balada eletrônica da cidade. Eu só queria dançar em cima da caixa de som e sentir que o mundo me deseja. Eu só queria que todos os bonitos das festas me olhassem e quisessem me levar pra casa. Eu só queria testar se corpos e bundas são tão importantes assim na vida das pessoas. Eu só queria ver mesmo se é isso que conta. Eu só queria ver se quem se tranca no banheiro com as Sheilas, Julianas, Giseles e Isabelas das revistas sente tesão por mulher de verdade. Pela magrela-sarada-baixinha, sem photoshop e sem maquiagem da vida real.

Eu só queria saber como são os homens na vida real. Eu só queria um namorado do jeito que eu queria. Mas isso tudo é uma grande bobagem. Agora, o que eu mais quero é ser solteira.

10 maio 2007

FISCAL DO TEMPO

Por que três em cada quatro casamentos vão pro saco? Simplesmente acabam? O que acontece? Acaba o amor? Onde está aquele casal que fez juras de amor eterno na segunda semana de namoro? Por que tanta gente se separa? Talvez, por uma razão muito simples: nunca deveriam ter se casado.

Alguém me explica porque uma pessoa de 35 anos decide se casar com outra que conheceu há quatro meses? Quem está cronometrando o tempo? Fazendo contagem regressiva e dizendo pra ele: “Case-se logo. Você já está velho demais pra ficar solteiro.”? E por que ele não se casou com o amor da sua vida aos 18 anos? Quem disse pra ele que era “cedo demais”???

É essa mania que a gente tem de querer dar palpite no tempo. Como se o amor tivesse hora marcada pra acontecer. Alguém inventou que, aos 20 anos, você é muito nova para casar. E que, aos 30, já está passando da hora. Provavelmente esse alguém nunca amou de verdade. Me perdoem, mas o morno nunca me atraiu. Amor, pra mim, é quente. Vermelho. Brasa. Pegando fogo. É querer estar com alguém a qualquer hora do dia. Da noite. É fugir do trabalho no meio da tarde só pra falar oi. É não estar junto, mas sentir o calor do outro. É poder estar a quilômetros de distância, mas sentir a pessoa do seu lado. É sentir que o programa mais chato do mundo se torna o melhor, única e exclusivamente porque vocês estão juntos. Ali. É olhar nos olhos da outra pessoa e ver que ela está feliz. É estar feliz até nos momentos tristes. É contar com aquele colo que já tem a sua marca nele.

Não me venha com essa história de “crise dos 30 anos”. Pro inferno com essa mentalidade ultrapassada. Case-se, então, com o infeliz que você conheceu há cinco meses e está junto dele apenas porque ele também acha que “já passou da hora de casar”. Case-se com ele e continue com esse sorriso amarelo, essa cara morna de tanto-faz e esses olhos que brilham quando vêem seu ex-namorado, mas sequer demonstram alegria do lado da pessoa com quem você, agora, faz planos para o futuro. Case-se com ele, mesmo sabendo que a paixão da vida dele não é - nem nunca - será você. E que ele só não se casou com ela porque se achava “novo demais” na época.

Já amei demais. Já sofri demais. Já chorei demais. Já ri demais. Já me apaixonei demais. Mas, principalmente, já vivi demais. Intensamente. E ainda tenho muito pra viver. Muito. Quente ou frio. Morno jamais. E, hoje, sei que vivi tudo da melhor forma. Não deixei nada pra trás. Nenhum caso de amor mal resolvido. Nenhuma paixão antiga. Fui até a última gota. Até saber que vivi tudo que tinha pra viver. E vou viver ainda cada instante se valer a pena. Se der emoção. Se acelerar o coração.

Mas, por favor, parem com essa história de “eu tenho que achar a pessoa certa em cinco meses, dois dias e 13 horas” ou vou sugerir aos donos das grandes redes de departamentos que vendam amores enlatados. “Leve este, senhora... 32 anos, bonito, empresário, pouco rodado...” “Esta aqui, senhor: 26 anos, morena, ancas largas, boa parideira, tetas grandes. Vai ser uma boa mãe e futura rainha do lar”

Me poupem.

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Amores, me desculpem por tantas aspas. Nesse caso, elas representam expressões que nunca vão sair da minha boca. Literalmente.
Beijocas